Dia Mundial de Combate à Aids: combater desigualdades e preconceito ainda são desafios

Dia Mundial de Combate à Aids: combater desigualdades e preconceito ainda são desafios

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Em todo o mundo, 1° de Dezembro simboliza o Dia Internacional de Combate à Aids. Instituída em 1988, pela ONU (Organização das Nações Unidas), a data foi criada para reforçar a necessidade de mobilização para a prevenção do vírus HIV (sigla em inglês para vírus da imunodeficiência humana), bem como para combater o preconceito, que tantos anos depois ainda existe em relação aos infectados.

Segundo estimativa do Unaids, programa das Nações Unidas voltado ao combate à Aids, cerca de 38 milhões de pessoas vivem com o vírus em todo o planeta. Cerca de 1,5 milhão de pessoas foram recém-infectadas pelo HIV somente em 2021.

No Brasil, segundo a ONU, 50 mil novos casos foram registrados no ano passado, o que fez o país chegar à marca de 960 mil pessoas vivendo com o vírus.

Desigualdades

Se, por um lado, o avanço da ciência permitiu que os que têm acesso a tratamento podem conviver com o vírus e controlar a doença, essa não é a realidade para todos/as infectados. Relatório da organização divulgado essa semana, “Desigualdades Perigosas”, aponta afirma que desigualdades estão atrasando o fim da pandemia de HIV e o mundo não deve atingir as metas para erradicar a doença até 2030 como foi proposto.

Em discurso nesta quinta-feira (1°), o secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu a implementação de melhores leis, políticas e práticas para combater o estigma e a exclusão enfrentados por pessoas soropositivas.  "Podemos acabar com a Aids se tivermos Equidade Já", disse Guterres, em referência ao slogan que foi escolhido para a campanha deste ano.

A diretora executiva do Unaids, Winnie Byanyima, destacou como a questão de gênero afeta o cenário mundial da Aids. Segundo ela, em áreas de alta incidência de HIV, as mulheres que sofrem violência por parceiro íntimo têm 50% mais chance de contrair o vírus.

Winnie destacou ainda que em 33 países, de 2015 a 2021, apenas 41% das mulheres casadas, de 15 a 24 anos, tomavam suas próprias decisões sobre saúde sexual.

Segundo o levantamento, os efeitos das desigualdades de gênero nos riscos de HIV das mulheres são especialmente pronunciados na África Subsaariana, onde as mulheres representaram 63% das novas infecções por HIV em 2021. Meninas adolescentes e mulheres jovens, de 15 a 24 anos, têm três vezes mais chances de adquirir o HIV do que meninos adolescentes e homens jovens da mesma faixa etária na África Subsaariana.

Outra questão revelada pelo relatório é que as “masculinidades nocivas” estão desencorajando os homens de procurar cuidados. Enquanto 80% das mulheres vivendo com HIV tiveram acesso ao tratamento no ano passado, apenas 70% dos homens estavam em tratamento.

O documento mostra ainda que a resposta à Aids também está sendo retardada por desigualdades no acesso ao tratamento entre adultos e crianças. Enquanto mais de três quartos dos adultos vivendo com HIV estão em terapia antirretroviral, pouco mais da metade das crianças vivendo com HIV estão tomando medicamentos.

Com Bolsonaro, retrocesso

Também no combate à Aids, o governo de Bolsonaro conseguiu impor retrocessos, seja com disseminação de preconceito, cortes de investimentos e falta de notificação de casos. Na proposta de Orçamento para 2023, o governo previu o valor irrisório de R$ 1,9 bilhão para enfrentar a Aids, demais doenças sexualmente transmissíveis, hepatite, tuberculose e hanseníase.

Segundo especialistas, o governo de ultradireita abandonou as campanhas de prevenção, assim como fez com outras doenças, e permitiu, por exemplo, o desabastecimento de testes rápidos para HIV e sífilis.

Para a servidora da Saúde no Rio Grande do Norte e integrante da Secretaria Executiva Rosália Fernandes, é uma data importante que deve servir não somente para divulgação de informações de saúde e combater o estigma que ainda recai tantos anos depois sobre as pessoas soropositivas, mas para cobrar dos governos políticas de prevenção, testagem e tratamento.

“O Rio Grande do Norte, por exemplo, registrou um aumento de 19,4% nos óbitos relacionados ao HIV nos últimos dez anos e não vemos as autoridades com uma ação estratégica para enfrentar essa situação. É com investimentos para garantir prevenção, tratamento e políticas educativas sobre a doença e o preconceito que podemos combater o HIV e suas consequências e é também na luta que podemos romper o silêncio que ainda é imposto às pessoas com HIV”, afirmou.

 

Informações: ONU

 

 

 

 

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