Demissões na GM geram repúdio. Entidades exigem reintegração de Mancha
Dispensas são denunciadas como arbitrárias e prática antissindical que viola a organização dos trabalhadores
Entidades nacionais e internacionais têm se manifestado desde a semana passada contra a demissão arbitrária, feita pela General Motors, do metalúrgico e dirigente sindical Luiz Carlos Prates, o Mancha.
Moções e declarações em vídeos denunciam o ataque à organização sindical dos trabalhadores e pedem a reintegração imediata do dirigente, dispensado no último dia 10.
Nesta quinta-feira (17), as centrais sindicais divulgaram nota em que acusam a montadora de desrespeitar a liberdade sindical no Brasil e perseguição aos sindicalistas. Além de Mancha, o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul (SP), Gilvam Miranda Landim, também foi dispensado pela empresa.
À Folha de S.Paulo, em nota, a montadora informou que “cumpre rigorosamente a legislação brasileira em todos os processos de desligamento de empregados". Uma falácia.
A dispensa viola o artigo 8° da Constituição Federal, bem como da Convenção 98 da OIT (Organização Internacional do Trabalho), que garantem o direito de liberdade sindical e estabilidade a dirigentes sindicais.
Mancha é funcionário da GM há 35 anos, ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e região e é dirigente da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas. Dirigente com longa trajetória nas lutas dos metalúrgicos e da classe trabalhadora dentro e fora do país.
Apoio internacional
Além de centenas de sindicatos, federações e confederações do país de várias categorias, tais como metalúrgicos, petroleiros, funcionalismo público, Correios, organizações internacionais também tem se pronunciado e enviado moções.
A IndustriALL Global Union, que representa mais de 50 milhões de trabalhadores/as da indústria de 141 países, incluindo o Brasil, manifestou contrariedade à dispensa aribtrária de Mancha. “IndustriALL Global Union solicita a General Motors que respete la libertad de organización y proceda a cancelar el despido de Prates”, exigiu a organização em nota.
A Rede Sindical Internacional de Solidariedade e Lutas, Fesim - Federación de Sindicatos de la Industria Siderometalúrgica/CGT Metal, Fronte di Lotta No Austerity, SINTTIA, Sindicato Independente da GM Silao, do México, e do ICOG, Grupo da Coordenação Internacional dos Trabalhadores do Setor Automotivo, da qual o Mancha faz parte representando a categoria da GM no Brasil, são outras entidades estrangeiras que também se somaram à campanha exigindo a revogação da dispensa.
Ativistas de outros setores também. José Rodrigues Mao Júnior, o Mao, vocalista da banda Garotos Podres, conhecida por críticas sociais e posicionamento em favor da classe trabalhadora e do povo da periferia, também se manifestou.
Para Mancha, a postura da GM reflete uma política antissindical que visa enfraquecer a organização dos trabalhadores. “Demitir um trabalhador com a justificativa de aposentadoria é um ataque, sendo um dirigente sindical ainda mais”, avalia.
“A organização sindical é um direito dos trabalhadores e vamos seguir na luta, bem como em defesa da estabilidade no emprego a todos os trabalhadores, contra demissões em massa e dispensas imotivadas”, afirmou Mancha.
Confira também moção assinada por entidades filiadas à CSP-Conlutas (aqui)