Atos antidemocráticos são chefiados e financiados por empresários, diz MP

Atos antidemocráticos são chefiados e financiados por empresários, diz MP

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Nas redes sociais, vídeos dos protestos corroboram a constatação do MP, mostrando, por exemplo, caminhões com distribuições de carne, materiais padronizados etc

Procuradores de Justiça do estado de São Paulo, Santa Catarina e Espírito Santo se reuniram nesta terça-feira (8) com o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes e, com base em investigações sobre os bloqueios nas estradas e manifestações em frente aos quartéis realizadas após o 2° turno das eleições, afirmaram que os atos antidemocráticos são chefiados por empresários em uma “operação criminosa com funções predefinidas”.

No esquema, segundo Mario Sarrubbo, procurador-geral de Justiça de São Paulo, há financiadores, arrecadadores, número de PIX e tudo mais para abastecer financeiramente os atos que defendem um golpe militar diante da derrota de Bolsonaro no último dia 30. Segundo o procurador, as investigações miram o fluxo financeiro dos atos e a identificação dos empresários que estão patrocinando as ações criminosas.

Pelo Código Penal, fazer apologia a um golpe militar e ao Estado Democrático de Direito é crime, passível de prisão.

"Nós já temos alguns nomes, que ainda não podemos revelar porque estão sendo investigados, mas a ideia é que esse cruzamento possa permitir a identificação de empresários que estão patrocinando movimentos golpistas", explicou o procurador ao jornal Folha de S.Paulo.

"A gente espera que o Brasil possa prosseguir sem golpes, sem movimentos que possam atentar contra a democracia. Somos todos favoráveis a qualquer tipo de manifestação, o que não podemos admitir, evidentemente, são atos a favor de golpes de estado, intervenção militar, ou mesmo pedir que as eleições não sejam validadas", disse.

Entre as informações apuradas, há também casos de prefeituras na organização de bloqueios e atos nos quartéis.

A procuradora-geral de Justiça do Espírito Santo, Luciana Andrade, também afirmou que a atuação dos empresários envolve ainda a criação de "listas" para impedir consumidores e empresários de utilizarem determinados produtos ou serviços. Uma espécie de “caça às bruxas” (leia também: A eleição acabou. O assédio e a violência política, não. É o que mostra relatório do MPT e casos pelo país).

Vídeos mostram atos financiados e coação

Nas redes sociais, vídeos dos protestos corroboram a constatação do Ministério Público, mostrando, por exemplo, caminhões com distribuições de carne em abundância, além de outros insumos como água e mantimentos, aos manifestantes; materiais como bandeiras, cartazes e faixas padronizados; uso de frotas de caminhões e tratores nos bloqueios. Nas redes também circulam vídeos de caminhoneiros declarando que participaram dos atos porque foram obrigados pelos patrões.

 


Vídeos nas redes sociais mostraram distribuição de carne por frigorífico para integrantes de interdição da BR-365 em Rondônia. Foto: reprodução

 

Na segunda-feira (7), Alexandre de Moraes cobrou a PF (Polícia Federal), a PRF (Polícia Rodoviária Federal) e as Polícias Civil e Militar de todos os estados e do Distrito Federal que enviem informações sobre a identificação de líderes, organizadores e financiadores dos atos antidemocráticos nas proximidades de quartéis das Forças Armadas.

Leia também:  Operações ilegais: MPF pede abertura de inquérito contra diretor-geral da PRF

O ministro deu prazo de 48 horas para receber as informações. Moraes também cobrou os dados de identificação dos respectivos proprietários dos veículos envolvidos nos bloqueios de estradas e nas manifestações nos quarteis, sejam pessoas físicas ou jurídicas.

Na segunda-feira (7), teve forte repercussão a tentativa de desbloqueio de um trecho da BR-163 em Novo Progresso, no sul do Pará, em que a PRF foi recebida a tiros de armas de fogo. Na manhã desta quarta-feira, a PRF informou que todas as rodovias federais estavam livres de bloqueios e interdições.

A CSP-Conlutas repudiou os bloqueios e atos antidemocráticos e defende que, desde as Centrais Sindicais e movimentos sociais, é preciso tomar iniciativas coordenadas que permitam apoiar e organizar a luta em defesa do resultado das urnas e do direito à autodefesa da classe trabalhadora, das lideranças e movimentos sociais, contra a violência da ultradireita e qualquer ataque às liberdades democráticas.

Atos antidemocráticos e com pedido de golpe militar é crime. Que todos os envolvidos sejam responsabilizados e punidos. Ditadura nunca mais!

 

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