Ativistas de diversos países abrem 2° dia de congresso com solidariedade internacionalista

  • Facebook
  • Twitter

Cerca de 100 ativistas de diversos países abriram as atividades do dia com solidariedade internacionalista

A delegação internacional que participa do Congresso, formada por 130 ativistas de 18 países, foi apresentada ao plenário nesta manhã (13).

No palco, bandeiras, faixas de sindicatos e cartazes de protesto expressavam a diversidade nas lutas e na resistência ao redor do mundo.

A abertura foi conduzida com a mediação de Flavia Bischain, professora da rede estadual, Magda Furtado, servidora pública e da Secretaria Executiva da Central, e o membro do Setorial Internacional da Central, Herbert Claros.

Herbert, um dos dirigentes que conduziu a mesa, iniciou a apresentação dizendo que “o internacionalismo é o único caminho para a emancipação da classe trabalhadora”.

Representantes de três das cerca de 60 entidades presentes tiveram um momento para compartilhar experiências das mobilizações locais e falar da necessidade de fortalecer a unidade e as ações internacionais.

Parte da delegação da África, Ndaitavela Ndahafa Hamupembe, vice-presidente da Central Sindical da Namíbia (TUCNA, em inglês), destacou que as investidas do governo e dos patrões contra os trabalhadores na Namíbia são semelhantes às que seguem em curso em diversos outros países.

“Enfrentamos ataques na Previdência e nos serviços públicos. Vivemos em um país rico, mas a riqueza não é destinada às necessidades do povo. A África é responsável pela construção de países da Europa, mas é lugar de marginalizados e empobrecidos”. A dirigente terminou sua intervenção fazendo um chamado ao plenário para que os trabalhadores não esperem nada dos governos ou dos patrões. “Somos os únicos capazes de garantir o nosso próprio destino e desenvolvimento”.

A luta dos trabalhadores da Alitália, empresa de linha aérea italiana, foi destaque com o representante da Cub-Transporti, Daniele Cofani. O trabalhador, que também constrói a Frente de Luta contra a Austeridade, explicou o processo de precarização e privatização do setor e resgatou um histórico das mobilizações da categoria. O relato de resistência empolgou o plenário. “Houve um referendo em que os trabalhadores disseram ‘não’ à proposta da empresa e às demissões. A situação na Alitália é um exemplo do que faz o capitalismo. São cerca de 10 mil trabalhadores demitidos. É a maior demissão em massa que já aconteceu na Itália”, ressaltou, agradecendo ainda o apoio da CSP-Conlutas aos trabalhadores, que estão organizando uma coordenação com entidades que defendem lutas em comum.

Em nome do Sitrasep (Sindicato de Trabalhadores do Setor Privado), Jouseth Chaves Rodríguez, secretário de conflitos da entidade, trouxe um relato importante sobre a criminalização e perseguição ao movimento sindical e popular. O dirigente iniciou sua intervenção trazendo a questão “¿dónde está Santiago Maldonado?”, em referência à campanha pelo ativista argentino Santiago Maldonado, desaparecido há dois meses após truculenta abordagem da polícia durante repressão a uma comunidade mapuche.

“O que aconteceu com Santiago Maldonado acontece com todos os trabalhadores, na América e no Mundo. Um exemplo disso é o caso de Berta Cáceres, assassinada em Honduras”, relembrou.

“Os trabalhadores das empresas privadas na Costa Rica vivem sob uma verdadeira ditadura. O governo e os empresários impedem a organização sindical, há listas de trabalhadores que se organizam no sindicato e que são rejeitados pelas empresas quando tentam se candidatar a um cargo de trabalho”, denunciou.

Jouseth ainda destacou a situação de migrantes em seu país e o quanto as empresas faturam com este contexto de exploração, colocando trabalhadores de outros países, sobretudo nicaraguenses, em situação análogas à escravidão. “Somos um país pequeno, com 4 milhões e meio de habitantes. Destes, 500 mil são da Nicarágua. Estes trabalhadores não têm os direitos trabalhistas mais básicos”, afirmou.

Outro ponto destacado pelo dirigente é a perseguição aos que se envolvem na luta sindical. Segundo ele, as ameaças são constantes. Ele e mais um camarada de luta ouviram que receberiam um tiro na cabeça no primeiro momento em que fossem vistos sozinhos. “O problema é que um sindicalista precisa da cabeça para trabalhar”, disse ele em tom jocoso.

O dirigente finalizou sua fala fazendo reverência à “juventude de trotskistas” de seu país e considera natural que a patronal haja com ameaças, “pois depois de um ano, os empresários foram obrigados a pagar mais de um milhão de dólares por direitos trabalhistas”, graças ao trabalho combativo do sindicato.

Em agosto, a CSP-Conlutas esteve pessoalmente na Costa Rica para acompanhar a mobilização do Sitrasep e o lançamento de uma Campanha Nacional pela Liberdade Sindical. Jouseth colocou em sua intervenção a necessidade de elevar esta mobilização para um nível internacional.

Ao final das falas, foi apresentada uma homenagem ao saudoso camarada Dirceu Travesso, o Didi. Com fala resgatada em registro do Encontro Internacional de 2012, o fundador da Central e responsável por impulsionar o internacionalismo e a Rede Sindical Internacional de Solidariedade e Lutas emocionou o plenário.

A delegação espanhola não pode estar presente, por estarem engajados na luta pela independência da Catalunha. Uma faixa em solidariedade ao povo catalão foi estendida em frente ao palco ao fim da apresentação.

Grande parte da delegação internacional de ativistas presente no Congresso estará no I Encontro da Classe Trabalhadora das Américas, que será realizado nos dias 16 e 17 de outubro em São Paulo.

Fotos: Rodrigo Barrenechea | ANotA – Agência de Notícias Alternativas

 

Rua Senador Feijó, 191. Praça da Sé - São Paulo/SP - CEP 01006000

Telefone: (11) 3106-8206 e 3241-5528. E-mail:  secretaria@cspconlutas.org.br

© CSP-Conlutas - Todos os direitos Reservados.

  • Facebook
  • Twitter
  • Youtube
  • Instagram
  • Flickr
  • WhatsApp