EUA se preparam para onda de manifestações antirracistas

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Duas mortes graves ocorridas durante abordagem policial reacendeu fúria popular

Com quatro dias de diferença, dois jovens negros nos Estados Unidos foram mortos em abordagem policial. 

No dia 3 de janeiro, abordado em uma ocorrência de trânsito, o professor e pai Keenan Anderson, de 31 anos, foi morto após sucessivos choques elétricos emitidos por um taser. Ele acabou falecendo com parada cardíaca. Foram disparados 6 eletrochoques em um curto período de 42 segundos.

Anderson era primo de Patrisse Cullors, cofundadora do BLM, dava aulas de inglês e passava por um período de crise emocional e psicológica, segundo relatos de familiares.

Keenan Anderson morreu com parada cardíaca depois de sofrer inúmeros disparos de eletrochoque

O Departamento da Polícia de Los Angeles apura o caso do jovem, que chegou a citar George Floyd durante a abordagem, já temendo morrer nas mãos dos policiais.

No dia 7 de janeiro, também em uma abordagem de trânsito, Tyre Nichols, de 29 anos, pai e entregador da FedEx, foi espancado por cinco policiais em Memphis, Tennessee. Morreu no hospital três dias depois. O diretor do departamento de investigação do estado, David Raush, afirmou à imprensa que o que aconteceu foi "inadmissível" e "criminoso", e que ficou "enojado" com o que viu.

Tyre Nichols morreu três dias após a abordagem policial violenta

Os cinco policiais foram identificados como Demetrius Haley, Desmond Mills Jr., Emitt Martin, Justin Smith e Tadarrius Bean. Todos negros, o que tem provocado um debate que vai além da questão de raça e aborda a cultura de violência policial.

Os dois casos alavancam nova revolta dos movimentos no país, globalmente conhecidos por BLM (Black Lives Matter - Vidas Negras Importam), que prometem voltar às ruas em protesto contra esses assassinatos.

Genocídio
O ano passado nos Estados Unidos bateu recorde no casos de mortes por violência policial Os dados são comparativos desde 2013, ano em que se deu início aos registros.

Apenas neste primeiro mês, foram registradas ao menos 13 mortes em decorrência de ações policiais. Do total, 9 são não brancos (negros e de origens latina e asiática), 3 brancos e 1 não definido.

Além de Anderson e Nichols, morreram em situação semelhante o jovem negro Takar Smith e o latino Oscar Leon Sanchez, os dois estavam em crise de ordem mental, no momento da abordagem, e tratavam depressão, como apontam as famílias.

Os movimentos no país denunciam que não houve nenhum avanço prático ou político na proteção às vidas negras desde a morte de George Floyd em 2020.

O vídeo de registro da abordagem de Nichols foi divulgado na noite da sexta-feira (27). As imagens são chocantes e mostram três minutos de violência facilmente descrita como um linchamento. O presidente Joe Biden entrou em contato com familiares do jovem morto e chegou a discursar publicamente pedindo que “os protestos sejam pacíficos” e que “a violência não será tolerada”. Biden ressaltou a gravidade do caso ao afirmar que “antes de tudo, a vida de inocentes está sob risco”, mas também que “a imagem dos Estados Unidos está em jogo”. 


Protesto reuniu manifestantes na capital Washington na noite de sexta-feira (27)

O movimento negro, no entanto, está farto, e as tensões nas lutas raciais devem aumentar nos próximos dias. No estado de Oregon, protestos já foram marcados. Na capital Washington também ocorreu manifestação. Em Memphis, manifestantes realizaram vigília na sexta (27) noite em que o governo local divulgou o violento vídeo da abordagem.

Nos últimos anos, foram inúmeros corpos negros que tombaram. Todos os casos reforçam a necessidade de unidade entre o movimento popular e a classe trabalhadora e a esquerda, para lutar contra o estado capitalista e a polícia que o protege. É preciso que não deixemos que esses assassinatos tenham acontecido em vão.

A luta precisa avançar e a polícia precisa acabar.    





Imagens: reproduções de vídeos

 

 

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