Dia de luta na Venezuela reivindica direitos e fim de perseguições

Dia de luta na Venezuela reivindica direitos e fim de perseguições

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Na Venezuela, nesta segunda-feira (16) é dia de mobilização nacional. Diversas categorias de trabalhadoras e trabalhadores expressam nas ruas a insatisfação com o governo e as péssimas condições de trabalho e de vida.

O estopim para o levante recente foi a luta de trabalhadores da estatal Sidor (Siderúrgica del Orinoco Alfredo Maneiro), organizados desde a primeira semana de janeiro, em protesto contra a falta de diálogo nas negociações por aumento salarial.


Em Yaracuy, Venezuela, protesto do dia nacional de lutas

A empresa tem ameaçado demitir ou deter lideranças do movimento. Um dos funcionários denunciou a ida de membros da Guarda Nacional em sua residência, com a intenção de prendê-lo devido a sua atuação militante na siderúrgica. Ele contou à imprensa local que escapou por pouco, pois não estava em casa no momento.

Na onda dessa luta, engajaram ainda enfermeiros, aposentados do setor público e professores. Essa categoria, há uma semana, tomou as ruas em um dia de luta por melhores salários e aposentadoria digna, e cumprimento de direitos. Eles também protestaram contra acordos coletivos já vencidos.

Trabalhadores em Educação no país exigem a renúncia da Ministra da Educação Yelitze de Jesús Santaella Hernández. 

Segundo informe da FVM (Federação Venezuelana de Professores), cerca 50% dos professores do sistema educacional público abandonaram o cargo devido a salários precários e atrasados. Eles não têm dinheiro nem mesmo para o deslocamento até a escola.

Carlos Rondón, Membro do Sindicato de Grafitos de Orinoco (setor de produtos à base de carbono), nos relatou em entrevista para a CSP-Conlutas a crítica conjuntura política e social e o clima de luta contra o governo.

Ele relembra que “o PIB da Venezuela em 2013 era de aproximadamente 380 bilhões de dólares, e atualmente foi reduzido em pouco mais de 50 bilhões de dólares”.

Por isso, ele explica, “a qualidade de vida dos venezuelanos tem deteriorado e os serviços públicos cada vez mais precários”. “Mais de 90% da população não tem acesso à água potável, e a saúde e educação estão em péssimas condições. O Estado venezuelano e suas instituições entraram em colapso nos últimos anos do governo chavista”, afirmou.

Para se ter uma ideia, o salário mínimo atual é de 130 bolívares, mas para uma família conseguir sobreviver com a inflação corrente, é preciso receber 50 salários mínimos, para cobrir apenas necessidades básicas e serviços. 

“Podemos dizer que um trabalhador recebe apenas 22 centavos de dólar por dia para cobrir suas necessidades, somado a uma inflação que esta semana está em 345%, a segunda maior inflação do mundo atualmente, podemos dizer que a Venezuela entrou mais uma vez em uma fase hiperinflacionária que vai atingiu duramente toda a população que resta lutar dentro do país”, descreve Rondón.

Diante deste contexto, cabe a maior parte da classe trabalhadora ter mais de um emprego. Muitos também dependem do auxílio financeiro enviado por familiares refugiados em outros países. 

“A Venezuela tornou-se um país extremamente caro com o processo de dolarização informal, pois a produção interna é muito baixa e quase todos os alimentos são importados, o custo de vida é igual ou superior ao de um país rico, situação possível apenas para os 5% dos mais ricos da Venezuela”, avalia o dirigente.

A entrevista completa pode ser lida aqui: Na Venezuela classe trabalhadora se levanta por direitos e fim de perseguições

O governo segue respondendo com repressão e violência. Em relatório anual da organização internacional de direitos humanos Humans Right’s Watch, é apontado que pelo menos 114 presos políticos estão presos há mais de três anos, muitos deles sem acusação formal, e outras 235 pessoas foram detidas arbitrariamente. 

Ainda denunciam tortura e outros tipos de abuso contra presos políticos.

A CSP-Conlutas expressa total solidariedade às mobilizações na Venezuela, por dignidade e direito de lutar! Basta de perseguição pelos órgãos repressivos do governo de Maduro contra lideranças ativistas!

 

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