Violência golpista atinge novo patamar com atentado à bomba frustrado
Matéria atualizada às 10h36, em 27 de dezembro de 2022
Incentivada por Bolsonaro, a violência dos manifestantes que pedem um golpe militar no Brasil atingiu um novo patamar. Às vésperas do Natal, na noite do sábado (24), o empresário bolsonarista George Sousa foi preso após tentar explodir um caminhão de combustível próximo ao Aeroporto Internacional de Brasília.
O criminoso estava no grupo de apoiadores do presidente que acampa em frente ao quartel-general do Exército, na capital federal. O atentado não se concretizou porque o motorista do caminhão percebeu que uma caixa havia sido colocada no interior do veículo. O esquadrão anti-bombas desativou o dispositivo ainda no local.
O depoimento de Sousa mostra a gravidade do ocorrido. Ele declarou que seu plano era causar explosões em diferentes locais da cidade. Além disso, afirmou ter gasto R$ 170 mil em armamentos que seriam entregues a manifestantes acampados em frente aos quartéis-generais.
O objetivo era dar início a uma situação de caos, o que levaria a decretação de estado de sítio no país e por conseqüência a atuação das Forças Armadas. Para o bolsonarista, desta forma seria possível impedir a posse do presidente eleito Lula, marcada para 1º de janeiro de 2023.
Autuado por crime contra o Estado de Direito e porte de arma de fogo, George Sousa está preso preventivamente por tempo indeterminado. Em sua conta no Twitter, há diversas mensagens de ódio contra Lula e em apoio a Bolsonaro e Sérgio Moro, ex-juiz, eleito ao Senado.
Mais explosivos
A Policia Militar do Distrito Federal desarmou cerca de 40 kg de artefatos explosivos encontrados em uma área de mata, nos arredores do Gama, na noite do domingo (25). O material foi localizado em uma estrada de terra que dá acesso a rodovia DF 290.
Além dos artefatos, 13 coletes à prova de balas e cinco capas de coletes foram achados durante a operação e encaminhados ao Instituto de Criminalística da Polícia Civil, onde vão passar por perícia. Até o momento, ningué foi preso.
Bolsonaro é cúmplice
O depoimento de George Sousa à polícia mostra que seja através de discursos ou ações, Bolsonaro é cúmplice do plano terrorista. “O que me motivou a adquirir as armas foram as palavras do presidente Bolsonaro que sempre enfatizava a importância do armamento civil”, afirmou o criminoso.
Apesar da gravidade do fato, Bolsonaro até o momento mantém o silêncio. Assim como tem feito desde a derrota nas eleições, em 30 de outubro, o ex-capitão do Exército atua para manter seus apoiadores mobilizados.
O sumiço, a demora em reconhecer a vitória de Lula, reuniões esporádicas com a cúpula das Forças Armadas e discursos vazios indicando que uma intervenção militar ainda pode acontecer fazem parte da estratégia de Bolsonaro.
No entanto, a ameaça de um atentado a bomba que colocaria em risco a vida de inocentes sobe mais alguns degraus na escalada da violência e do golpismo, este sempre incentivado por Bolsonaro, desde seu primeiro dia como presidente.
Punição aos responsáveis
A CSP-Conlutas defende que as investigações sobre o crime planejado para a véspera do Natal se aprofundem. Um atentado desta forma dificilmente é planejado de forma isolada ou sem qualquer financiamento. Por isso, os culpados devem ser responsabilizados, incluindo Bolsonaro, que deverá ver sua lista de crimes aumentar ainda mais.