Cristina Kirchner sofre tentativa frustrada de assassinato na Argentina

Cristina Kirchner sofre tentativa frustrada de assassinato na Argentina

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Violência política é preocupante no país e manifestações ocorreram nesta sexta (2)

Na noite de quinta-feira (1), a vice-presidente da Argentina sofreu um atentado em frente a sua residência, no bairro da Recoleta, em Buenos Aires, após presidir uma sessão no Senado.

O criminoso, identificado como Fernando Andrés Sabag Montiel, de 35 anos, é brasileiro e vive na Argentina desde a década de 1990. Ele tentou efetuar disparos, que por sorte falharam, a poucos centímetros de distância, na direção do rosto de Kirchner. 

Conforme publicou o periódico argentino La Nación, “o atirador apertou o gatilho, mas a arma não disparou, provavelmente porque não havia bala na câmara de disparo, embora o revólver estivesse carregado”.

O mesmo jornal ainda apontou que nas redes sociais o jovem apresenta interesses e páginas ligadas a grupos radicalizados ou de ódio, sobretudo contra comunistas, e que tem uma tatuagem de um símbolo nazista, o “sol negro”, no braço.

Investigação e protestos
Montiel tem antecedentes por porte de arma ilegal não-convencional, constatado durante abordagem policial enquanto dirigia no centro de Buenos Aires como motorista de aplicativo. O registro foi feito pela polícia argentina em 17 de março de 2021.

Nas buscas realizadas na manhã de sexta (2) na residência do atirador, a polícia recolheu para perícia duas caixas de munições, com 50 balas cada uma, e um computador. O celular foi apreendido no momento em que o criminoso foi preso.

Montiel prestaria depoimento ainda nesta sexta, que foi bem movimentada, com atos de protesto no centro de Buenos Aires. A maior manifestação ocorreu na tradicional Praça de Maio, onde pessoas vindas de diferentes partes da capital se reuniram para as mobilizações.

O governo decretou feriado nacional e no sábado (3) se reunirá para discutir o ocorrido.

O Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos prometeu acompanhar o caso de perto e exigiu que o incidente seja alvo de uma investigação aprofundada, alertando ainda para os riscos de mais agressões na região.

Tempos de violência política
O radicalismo político não é uma particularidade da Argentina e a onda crescente do extremismo político intolerante tem sido um problema observado no mundo todo.

Na mesma noite em que Kirchner sofreu o atentado, outros casos de violência deste tipo ocorreram no Brasil, por exemplo. E o pior, em dois deles houve envolvimento de políticos.

O deputado estadual Roque Barbiere, do Avante, sacou um revólver e atirou em uma imagem do presidente do PSDB paulista, Marco Vinholi, dentro do diretório tucano em São Paulo. 

Também em São Paulo, o ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles do PL, atropelou e derrubou a moto de um entregador de aplicativo, ao fugir de um protesto. No vídeo é possível ver que o ministro do “deixa passar a boiada” não parou para prestar atendimento à vítima.. 

Em uma igreja evangélica em Goiânia, após um pastor pregar contra partidos e políticos de esquerda, dois fiéis discutiram e um deles, o policial militar Vitor da Silva Lopes, atirou na perna de Davi Augusto de Souza, que foi levado ao hospital, passou por cirurgia e, felizmente, não corre risco de morte.

Manifestações públicas
Logo após a tentativa de homicídio, o presidente Alberto Fernández realizou um discurso e classificou o atentado como "o incidente mais grave a acontecer desde que recuperamos a democracia". 

Líderes latino-americanos também se pronunciaram. Gabriel Boric, do Chile, Gustavo Petro, da Colômbia, Luis Lacalle Pou, do Uruguai, Nicolás Maduro, da Venezuela, e o ex-presidente boliviano Evo Morales.

No Brasil, os presidenciáveis também repudiaram o atentado e ressaltaram a gravidade que o crime representa para a democracia.

Os candidatos mais à esquerda também se posicionaram contrários, com declarações de alerta para a classe trabalhadora de conjunto. 

Vera Lúcia, do PSTU, afirmou que é preciso “repudiar a tentativa de assassinato de Cristina Kirchner. Ações violentas para silenciar opositores políticos, ligadas à ultradireita e suas ameaças autoritárias, como tem ocorrido aqui e na Argentina, são inaceitáveis. São ataques às liberdades democráticas”.

Leonardo Péricles, da UP, defendeu que “para deter essa escalada fascista, que não respeita leis e democracia, temos que seguir a reação do povo Argentino”, com manifestações de rua.

Sofia Manzano, do PCB, reforçou que “o atentado contra Cristina revela a ameaça do fascismo na América Latina. Para derrotar a extrema-direita precisamos elevar o patamar de consciência revolucionária da classe trabalhadora, ampliar a organização popular e preparar a todos para a intensificação da luta de classes”.

Bolsonarismo mata
Seguindo a cartilha de ódio, Jair Bolsonaro não se constrangeu ao relembrar o caso da facada que sofreu em período eleitoral para comentar o atentado contra Kirchner. "Mandei uma notinha, eu lamento. Agora, quando eu levei a facada, teve gente que vibrou por aí. Lamento, já tem gente querendo botar na minha conta, já esse problema”.

Sobre casos de intolerância e violência política, o presidente Bolsonaro pouco se manifesta ou se solidariza. Na verdade, ele incentiva e torna-se o principal responsável  pelo clima de tensão, como quando, por exemplo, incita seguidores para não aceitarem o resultado das urnas em caso de derrota ou de “eleições não limpas”.

Em matéria publicada em julho no site da CSP-Conlutas, a Central expressa preocupação quanto ao !incentivo à violência promovido pelo governo Bolsonaro”. 

Além dos discursos que alimentam lobos solitários e grupos intolerantes e violentos, o governo de Bolsonaro também aprova projetos de leis que estimulam o extermínio de povos indígenas, a violência contra os moradores das periferias, negros e negras; o conservadorismo que estimula a discriminação de LGBTIs, assim como criminaliza as lutas da classe trabalhadora urbana e camponesa e dos movimentos populares. 

A CSP-Conlutas tem debatido sobre a necessidade urgente da autodefesa da classe trabalhadora e repudia fortemente o atentado contra a vice-presidente argentina Cristina Kirchner.

 

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