Mianmar: Ativistas pró-democracia são executados pelo regime por “terrorismo”

Mianmar: Ativistas pró-democracia são executados pelo regime por “terrorismo”

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Protestos contra as execuções ocorreram nesta segunda-feira (25) em Yangon

 

O regime militar de Mianmar confirmou nesta segunda-feira (25) a execução de quatro ativistas pró-democracia com base em leis “anti-terrorismo” da ditadura em vigência desde o último golpe, realizado em fevereiro de 2021 no país.

Os ativistas mortos são Phyo Zeya Thaw, Kyaw Min Yu, Hla Myo Aung e Aung Thura Zaw. Todos com envolvimento histórico nas mobilizações em defesa da democracia no país.

Phyo era deputado pelo partido LND (Liga Nacional pela Democracia) e os demais eram militantes pró democracia desde a década de 1980.

A execução de condenados a morte não ocorria no país desde esse período, há cerca 30 anos.

Com intensas críticas por parte de organizações de direitos humanos e governos e representações políticas, o momento causa preocupação para a possibilidade de agravamento da repressão e perseguição política no país.

Estão sob o risco de serem executados, de acordo com a AAPP (Associação de Assistência a Presos Políticos), 117 presos políticos mantidos nos cárceres do regime ou foragidos.

Acusados de crimes ligados à nova legislação antiterrorismo, essas pessoas foram condenadas à morte por definições jurídicas vagas e inconsistentes - conforme a própria ONU denunciou -, com o único objetivo de reprimir qualquer crítica ao regime vigente.

Enquanto Phyo e Kyaw foram acusados de planejar ataques contra a junta, Hla Myo Aung e Aung Thura Zaw foram acusados de executar uma suposta informante da junta militar.

Os ativistas estavam presos na prisão de Insein, em Yangon, e os familiares até o momento não tiveram direito à retirada dos corpos.

A mãe de Phyo, Daw Khin Win Tin, de 76 anos, informou à imprensa local que pediu para recolher o corpo de seu filho, mas que “recusaram por causa dos procedimentos prisionais”. 

“Pedi as cinzas, mas eles também se recusaram. Perguntei quando ele foi executado, para que eu pudesse realizar um rito funerário budista, e eles só disseram ‘durante o fim de semana’”, relatou.

Entidades de direitos humanos apontam que, logo após o início das manifestações não violentas em 2021, a junta militar utilizou bombas, balas de borracha e munição real nas repressões, prendeu mais de 13 mil manifestantes e matou cerca de 1800 pessoas. 

Protestos contra as execuções ocorreram nesta segunda-feira (25) em Yangon. Em uma publicação no Twitter, um veículo local mostrou manifestantes segurando uma faixa em que dizia: “não temos medo”.

 

Apoio

Mianmar é um país muito pobre, com uma economia baseada essencialmente na agricultura e extração mineral, e que apresenta altos índices de miséria, analfabetismo e desigualdade social.

O governo é constantemente exposto por escândalos de corrupção pela elite burguesa privilegiada e pela casta burocrática militar, que convive em ambiente de disputa pelo poder e pelas riquezas.

Para o povo, sobra a fome e a desesperança, além de tristes lembranças de anos de ditadura militar (1962-2011) e do genocídio Rohingya - processo criminoso de limpeza étnica e repressão militar, realizada pelas forças armadas e pela polícia de Mianmar, contra os muçulmanos Rohingya no Estado de Rakhine, na região noroeste do país.

A CSP-Conlutas e seus sindicatos e movimentos afiliados repudiam o golpe militar e a bárbara repressão, e nos solidarizamos com a luta de resistência e por democracia, do povo trabalhador e da juventude de Mianmar.

 

 

 

 

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