Filho do ministro da Saúde atua para liberar R$ 8,5 mi do SUS em troca de apoio de prefeitos

Filho do ministro da Saúde atua para liberar R$ 8,5 mi do SUS em troca de apoio de prefeitos

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“Queiroguinha”, segundo prefeitos, intermediou reuniões na pasta para garantir verbas; ganhou apoio político

São escândalos atrás de escândalos. Todos os dias. Desta vez o protagonista foi o filho do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. O jornal O Globo revelou no último dia 4 de julho que Antonio Cristóvão Neto, o Queiroguinha, tem acesso exclusivo ao governo e esteve pelo menos 30 vezes no Palácio do Planalto e no Ministério da Saúde no último ano. Parte das visitas foi a partir de fevereiro, quando se filiou ao PL, partido de Bolsonaro, e passou a concorrer a uma vaga na Câmara dos Deputados.

Documentos obtidos pelo jornal e depoimentos de testemunhas revelam que o estudante de medicina de 23 anos foi a Brasília para intermediar a liberação de ao menos R$ 8,5 milhões de verba do SUS (Sistema Único de Saúde) para municípios da Paraíba, o estado pelo qual pretende concorrer às eleições. Entre os municípios beneficiados estão: Riachão, Logradouro e Marizópólis.

O MPF (Ministério Público Federal) está apurando se há indícios de tráfico de influência e de improbidade administrativa.

Queiroguinha tem acesso livre a todos os gabinetes da pasta, aos principais assessores e alguns diretores do Ministério, e a estes recorre para garantir as verbas aos prefeitos que lhes interessa, de acordo com o que relataram integrantes e ex-funcionários do Ministério da Saúde.

Ao que tudo indica essa liberação de verbas direcionada é uma forma que angariar apoio político à campanha do pré-candidato a deputado, que também desrespeita o processo eleitoral ao participar de eventos do governo federal de lançamento de obras no estado da Paraíba. A pré-campanha é proibida.

Queiroga defende que as idas do estudante de Medicina Antônio Cristóvão Neto, o Queiroguinha, à pasta "não passaram de visitas comuns que um filho faz ao pai no ambiente de trabalho".

Os encontros

Segundo O Globo, no dia 9 de março deste ano, “às 11h33, as catracas da entrada privativa do ministério da Saúde registraram a entrada de Queiroguinha e, na sequência, de três prefeitos da Paraíba. Eles subiram ao 5º andar para serem atendidos no gabinete de Queiroga. Entre os convidados, estava a prefeita de Riachão, Maria Da Luz Dos Santos Lima (PSDB)”.

A prefeita de Riachão classificou a visita como “proveitosa”.

“O ministro prometeu um micro-ônibus, uma ambulância, e também uma emenda para equipamentos de raio-x e ultrassonografia”, disse a prefeita que recebeu em repasses do FNS (Fundo Nacional de Saúde) para o Fundo Municipal de Saúde de Riachão o total de R$ 1,7 milhão.

O prefeito de Marinaldo da Cruz, de Logradouro, no mesmo esquema, obteve um repasse de R$ 1,4 milhão do Fundo Nacional de Saúde. “Eu pedi um aparelho de ultrassonografia e também uns recursos de custeio. Tudo já foi pago”, disse.

A história do prefeito de Marizópolis, Lucas Gonçalves Braga (PSDB), chega a ser engraçada, se não fosse uma situação expressa de uso de verba pública em troca de favores eleitorais. Ele conta que estava num jantar em Brasília com Queiroguinha e manifestou vontade de tirar uma foto com o ministro. Prontamente o ministro recebeu-os em seu gabinete.

Após o encontro, o município de Marizópólis recebeu R$ 1,5 milhão de verba do FNS. “Se ele (Queiroguinha) ganhar a eleição, claro que é bom para mim. Porque aí eu tenho um amigo deputado, a quem a gente pode recorrer para qualquer coisa”, comentou o prefeito em matéria de O Globo.

Nenhum desses encontros foi registrado em agendas oficiais.

Em cerimônias públicas, Queiroguinha fala em nome do Executivo, mesmo sem ocupar um cargo público, e promete a prefeitos colocá-los em contato com o pai para tratar de liberação de recursos públicos.

É crime. Não vê quem não quer

“O primeiro crime, também moral, é usar verbas do SUS para benefícios eleitoreiros, num país tão carente de saúde pública, onde as pessoas morrem sem condições de atendimento e profissionais trabalham em condições tão precárias”, comenta indignada a dirigente da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas Rosália Fernandes, trabalhadora da área da saúde.   

“Sabemos que pra além disso, é comum nesses casos a história das propinas”, aponta a dirigente.

Em junho passado havia sido preso o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, investigado por corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência por suposto envolvimento em um esquema para liberação de verbas do MEC (Ministério da Educação). Atuavam com ele dois pastores, Gilmar Santos e Arilton Moura, ex-assessor da Prefeitura de Goiânia, Helder Bartolomeu, e o ex-assessor de Ribeiro, Luciano Freitas.

“Todos os dias assistimos a esses escândalos, aumento da intolerância e violência, o aumento da fome e do desemprego, mas nada é feito. Os trabalhadores e o povo pobre precisam ir á ruas derrubar esse governo”, reforça Rosália.

 

Com informações jornal O Globo

 

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