Presidente da CEF renuncia após denúncias de assédio sexual

Presidente da CEF renuncia após denúncias de assédio sexual

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Escândalo de abuso sexual derrubará presidente da CEF e obriga Bolsonaro a escolher novo nome para o cargo

É assédio sexual, abuso de poder e uso indevido do dinheiro público. O presidente da CEF (Caixa Econômica Federal), Pedro Guimarães, renunciou à presidência do banco no final da tarde desta quarta-feira (29) após vir à público denúncias de funcionárias da instituição de assédio sexual durante viagens de trabalho. Os relatos também apontam constante assédio moral aos trabalhadores do banco. O caso está sendo investigado pelo Ministério Público Federal.

A notícia, divulgada em primeira mão pelo site Metropóles na terça-feira (28), apresenta depoimentos chocantes de cinco funcionárias, que diante da situação que enfrentaram, passam por ansiedade e crises de pânico com medo de viajar com o assediador.

Segundo as trabalhadoras, os assédios aconteciam diante de todos, dentro e fora da instituição.

Beliscões; pedidos para que funcionárias fossem ao seu quarto nos caros hotéis em que se hospedavam, em horários indevidos com solicitações esfarrapadas; puxões pelo pescoço; frases como 'Estou com vontade de você'; ameaças de retaliações casos os pedidos não fossem atendidos. São essas e outras situações de horror expostas pelas funcionárias. É possível que a lista de denunciantes venha a aumentar.

Entre uma das declarações à mídia, uma funcionária relatou: "Aí quando fui sair, ele me puxou pelo pescoço e disse: ‘Estou com muita vontade de você’. Saí da sala, em choque e chorando", acrescentando: "Depois, em outro momento, ele já passou a mão pela minha cintura e foi abaixando, mas saí antes que piorasse."

A situação vexatória e o medo que enfrentavam as funcionárias são mostradas na declaração de uma delas ao Metrópolis: "As pessoas aceitam o abuso com medo da retaliação, do poder dele, isso é, perder a função. Ele te tira de uma posição de destaque, que você estudou e tem qualificação para estar lá, para te colocar numa função muito abaixo. Isso da noite para o dia, sem nenhum aviso", disse.

À Folha de S.Paulo, o caso narrado um funcionária explica porque não falou antes. "Não falei antes com medo e vergonha, e agora me sinto culpada porque penso que se tivesse falado antes, outras mulheres não teriam passado pelo que passei, nem por situações piores", disse.

O MNOB (Movimento Nacional Bancário), que integra a CSP-Conlutas, divulgou nota pública na manhã desta quarta-feira (29) em que reforça a gravidade do caso: “Os relatos são nojentos, odiosos! Porém, demonstram como Pedro Guimarães segue as hostes machistas do bolsonarismo. Fazendo de sua posição na empresa um instrumento em que força as mulheres terem relação sexual com ele, oferece promoção; faz convites torpes; tem atitudes violentas e ao final ameaça a carreira das empregadas que resistem e se negam a essa indignidade”, denuncia o texto.

O movimento também incentiva novas denúncias: “Nós solidarizamos com as vítimas, saudamos a coragem delas de fazerem a denúncia e incentivamos que as trabalhadoras e trabalhadores denunciem os assédios que sofrem na empresa”.  

"Demissão para Guimarães é pouco, ele precisa ser preso", disse indignada a ex-bancária da Caixa, Rita Souza, da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas.

Perda de cargo e demonstração da atuação habitual neste governo

Devido à repercussão, o presidente Bolsonaro foi obrigado a procurar imediatamente outro nome para a gestão do banco. Foi escolhida o “braço direito” do ministro Paulo Guedes, Daniella Marques, que coordena a Secretaria de Produtividade e Competitividade do Ministério da Economia, desde fevereiro de 2022, e trabalha com Guedes desde 2012.

Diante de mais um escândalo desgastante para o governo Bolsonaro, o caso CEF reafirma apenas a forma machista, desrespeitosa e ultrajante como a ultradireita trata mulheres, como o próprio presidente foi protagonista em outras situações.

Bolsonaro acabou de perder um  processo judicial impetrado pela jornalista Patrícia Campos Mello. Foi anunciado nesta quarta-feira (29) que a 8ª Câmara de Direito Privado do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) manteve a condenação de Bolsonaro e aprovou elevar a indenização a ser paga por ele ter ofendido a honra da jornalista, repórter da Folha. Por 4 votos a 1 a favor de Patrícia, o presidente terá de pagar R$ 35 mil de indenização.

Bolsonaro já havia sido condenado em primeira instância por fazer uma insinuação sexual à jornalista em fevereiro de 2020, usando para isso o termo "furo" para se referir ao orifício do corpo da repórter. A palavra "furo" é um jargão jornalístico para se referir a uma informação exclusiva.

Patrícia postou nas redes: “Ganhamos!!!! Por 4x1, o TJ de SP decidiu que não é aceitável um presidente da República ofender, usando insinuação sexual, uma jornalista. Uma vitória de todas nós mulheres. Agradeço à brilhante e a todos vocês pela mobilização, sem vocês não seria possível”. Sim, é um importante vitória diante de tantos abusos cometidos pelo presidente contra mulheres.

(Com informações de Metrópoles e Folha de S. Paulo | Imagem: Edu Andrade/Fatopress/Estadão Conteúdo)

Texto atualizado para inclusão da renúncia de Pedro Guimarães

 

 

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