Maior greve ferroviária em 30 anos paralisa transporte no Reino Unido
A categoria promete manter mobilização por direitos nos dias 23 e 25 de Junho
Por: Sâmia Teixeira
Trabalhadoras e trabalhadores ferroviários da RMT, no Reino Unido, iniciaram greve com a participação de mais de 40 mil trabalhadores nesta terça-feira (21).
Esta tem sido considerada a maior greve no setor da Grã-Bretanha em 30 anos, e a categoria promete manter mobilização por no mínimo 3 dias - terça e quinta e sábado próximos.
Em notícia publicada pela Reuters, o secretário-geral do Departamento Ferroviário, Marítimo e de Transportes da RMT, Mick Lynch afirmou que "a mobilização está liderando o caminho para todos os trabalhadores deste país que estão cansados de ver seus salários e condições reduzidos às custas dos lucros para grandes empresas, políticos e governos".
A RMT busca um aumento salarial de pelo menos 7% para seus membros, mas disse que a Network Rail ofereceu 2%, com outro 1% vinculado às reformas do setor, às quais o sindicato se opõe. O governo, criticado por não se envolver nas negociações, diz que os sindicatos devem resolvê-lo diretamente com os empregadores.
A BBC informou que novas negociações ocorreriam nesta quarta (22), mas mesmo com um acordo, os outros dias de paralisação seriam mantidos, afirmou o movimento.
A greve se dá também contra a redução do número de funcionários nas plataformas e por melhores e mais seguras condições de trabalho e para o usuário. Além disso, os trabalhadores protestam contra o aumento de jornadas de trabalho, que de acordo com a RMT, deve desvalorizar ainda mais os salários.
Intransigência do governo
O secretário de Estado de Transportes, Chris Grayling, afirmou que a greve é "infundada" e que os trabalhadores deveriam retornar e "negociar com os patrões". Até o momento as reclamações da RMT foram rejeitadas. A confirmação da greve ocorreu depois de uma omissão do Tribunal Superior sobre a legalidade da mobilização. A ordem judicial havia determinado que a greve deveria ser cancelada.
A Reuters informou que a greve deve afetar as principais linhas ferroviárias do Reino Unido, como a Southern, Merseyrail e Arriva Rail North. A avaliação do movimento sindical local é a de que as greves no setor ferroviário podem marcar o início de um “verão de descontentamento”, com a mobilização de professores, médicos, trabalhadores de coleta de lixo e até mesmo advogados, que desejam ações coletivas na medida em que os preços abusivos de alimentos e combustíveis empurram a inflação para 10% no país.
Apoio internacional
A Rede Sindical Internacional de Solidariedade e Lutas, organização da qual a CSP-Conlutas faz parte, publicou apoio ao movimento dos trabalhadores da RMT no Reino Unido, afirmando que "a luta iniciada por nossos camaradas diz respeito a todos os trabalhadores deste país. Além disso, ela faz parte e reforça as lutas travadas pelos trabalhadores ferroviários em outros países".
"Por anos, os investidores têm embolsado dividendos, enquanto trabalhadores ferroviários e usuários estão pagando a conta", denunciou em nota a Rede.
Todo apoio à luta dos ferroviários no Reino Unido!
*com informações da imprensa