Mais desindustrialização no Brasil: Caoa Chery anuncia fechamento de fábrica em Jacareí

Mais desindustrialização no Brasil: Caoa Chery anuncia fechamento de fábrica em Jacareí

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A Caoa Chery comunicou ao Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e região, filiado à CSP-Conlutas, nesta quinta-feira (5), que vai fechar a fábrica de Jacareí (SP) e demitir cerca de 480 trabalhadores. A decisão arbitrária pegou os metalúrgicos de surpresa. A entidade convocou todos os operários da montadora a, desde já, iniciar uma mobilização em defesa dos empregos.

Em reunião com o Sindicato pela manhã, a direção da empresa informou que o modelo Tiggo 3X, produzido na unidade sairá de linha, e os modelos Arrizo 6 e Arrizo 6 Pro passarão a ser importados da China. Com isso, a empresa pretende encerrar toda a produção de Jacareí. A alegação da fábrica é de que a unidade do Vale do Paraíba passará por uma modernização para a produção de carros elétricos, que começaria apenas em 2025.

Com essa decisão, todos os 370 metalúrgicos da produção de Jacareí seriam demitidos. A empresa informou, também, que pretende dispensar mais da metade dos funcionários do administrativo, setor que hoje conta com 230 trabalhadores na planta. O restante do efetivo seria remanejado para outras unidades da montadora.

Assembleia dos trabalhadores

O Sindicato convocou uma assembleia com todos os trabalhadores da Caoa Chery nesta sexta-feira (6), às 10 horas, na subsede da entidade em Jacareí (Rua José de Medeiros, 80 – Centro). O objetivo é iniciar a mobilização em defesa dos empregos junto ao poder público e à direção da fábrica.

“A Caoa Chery mente ao dizer que não fechará a fábrica de Jacareí e que esse processo se configura em uma readequação da montadora para a produção de carros elétricos. Mas serão três anos sem produzir em Jacareí, ou seja, três anos com a fábrica fechada e com pais e mães de família no olho da rua”, afirma o presidente do Sindicato, Weller Gonçalves.

Layoff

Durante a reunião com a Caoa Chery, os dirigentes sindicais reivindicaram a manutenção dos empregos na montadora enquanto durarem as negociações com a entidade.

O Sindicato propôs à empresa que conceda licença-remunerada a todos os trabalhadores no mês de maio e realize um layoff (suspensão temporária dos contratos) durante cinco meses, de junho a outubro, com mais três meses de estabilidade. Horas depois da reunião, a direção da Caoa Chery entrou em contato com o Sindicato e informou que aceita a proposta de layoff.

Desde 21 de março deste ano, os trabalhadores da produção cumprem licença-remunerada, em Jacareí.

Em defesa dos trabalhadores

Diante desse cenário, o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região convoca todos os trabalhadores da Caoa Chery a lutar e resistir contra o fechamento da empresa.

Como ocorre com outras multinacionais, a Caoa Chery se instalou no Brasil recebendo isenções de impostos. Após explorar a mão de obra local, com baixos salários e pouquíssimos direitos, quer fechar as portas e deixar os trabalhadores à mercê da crise econômica que assola o país.

“A nossa luta será pela manutenção da fábrica na cidade. Se a empresa insistir com o fechamento, vamos lutar pela estatização sob controle dos trabalhadores para que, assim, nosso país produza um carro 100% nacional. Cobraremos o governo em relação a isso. Vamos repetir a luta dos trabalhadores da Avibras, que conseguiram reverter centenas de demissões”, afirma Weller.

O presidente Weller também relembra a reforma trabalhista de 2017, que, ao contrário do que foi prometido, não gerou empregos e, ainda por cima, acabou com direitos dos trabalhadores. Weller também cita o presidente Bolsonaro, que antes mesmo de assumir a presidência, já debochava dos trabalhadores, que teriam de escolher entre emprego e direitos. “Hoje os operários não têm nenhum dos dois e ainda vivem em um cenário catastrófico com inflação disparada e preço dos alimentos muito alto”, diz.

Recorde de vendas

Em 2021, a Caoa Chery bateu recorde de vendas, com 39.746 emplacamentos ao longo do ano. Isso representa um crescimento de 97% na comparação com 2020, enquanto o mercado brasileiro de automóveis cresceu apenas 3% no período.

Esse cenário demonstra que a empresa tem plenas condições de manter os empregos e direitos em Jacareí, para que o Sindicato, ao lado dos metalúrgicos, siga com o processo de negociação contra a demissão em massa.

Somente no terceiro trimestre do ano passado, a montadora contratou cerca de 280 empregados na planta de Jacareí, justamente para suportar a alta perspectiva de produção para 2022, cuja expectativa de vendas é de 20 mil unidades a mais que no ano passado.

A fábrica da Chery foi inaugurada em Jacareí no dia 28 de agosto de 2014. Em 2017, metade da operação da montadora chinesa no Brasil foi comprada pelo Grupo Caoa.

Desindustrialização avança no Brasil

Essa não é a primeira montadora que anuncia o fechamento em meio ao avançado processo de desindustrialização pelo qual passa o Brasil. O mesmo aconteceu com a Ford e a Toyota. Na região do Vale do Paraíba, onde está a Caoa Chery, a LG, do setor de eletroeletrônicos, em Taubaté, também fechou as portas no ano passado.

A redução e enfraquecimento cada vez maior do setor industrial no país é fruto da política imposta pelos países imperialistas e multinacionais, com a total conivência do governo de Bolsonaro. “Querem impor ao Brasil apenas o papel de produtor de commodities, um mero exportador de soja, minérios e outros produtos sem valor agregado. Não há políticas públicas para o desenvolvimento industrial e tecnológico e os trabalhadores é que amargam desemprego, piora nas condições de trabalho e condições de vida”, avalia o dirigente da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas Luiz Carlos Prates, o Mancha.

Todo apoio à luta por empregos e pela estatização da Caoa Chery

A CSP-Conlutas se solidariza com os metalúrgicos e metalúrgicas da Caoa Chery de Jacareí e desde já se coloca lado a lado com os trabalhadores/as para lutar em defesa dos empregos e pela estatização da empresa.

 

Com informações: Sindmetalsjc

 

 

 

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