Metalúrgicos da Avibras decidem manter greve até empresa cumprir reintegração e pagar salários
Em assembleia nesta quinta-feira (7), os trabalhadores da Avibras, em Jacareí (SP), decidiram dar continuidade à greve iniciada ontem, que a princípio seria de 24 horas, e mantê-la por tempo indeterminado. A decisão foi tomada para pressionar a direção da fábrica a reintegrar os 420 funcionários que haviam sido demitidos e a pagar os salários que estão atrasados.
Na última segunda-feira (4), o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e região, filiado à CSP-Conlutas, conseguiu uma liminar que suspendeu as demissões feitas no último dia 18. Segundo a decisão, a empresa tem de reintegrar imediatamente os demitidos, sob pena de multa diária. Contudo, a Avibras está enrolando para cumprir a decisão.
O Sindicato protocolou, na quarta-feira (6), na 1ª Vara do Trabalho de Jacareí, um comunicado de descumprimento de decisão judicial pela Avibras, denunciando a empresa ainda por ter enviado aos trabalhadores reintegrados mensagens referentes ao cálculo de verbas rescisórias. Foram duas mensagens: a primeira por email e a segunda pelo aplicativo Whatsapp, ambas depois da expedição da liminar que suspendeu as 420 demissões feitas no dia 18 de março.
Antes da liminar de reintegração, a Avibras havia informado que o pagamento das verbas rescisórias seria condicionado ao plano de recuperação judicial. Inclusive, a empresa também não pagou parte dos salários dos trabalhadores que seguiram na ativa e informou que os valores também seriam incluídos no processo de recuperação judicial.
A postura da empresa só comprova o que o Sindicato vem denunciando, a partir de um estudo feito pelo ILAESE (Instituto Latino-Americano de Estudos Sócio-Econômicos), que o pedido de recuperação na Justiça feito pela Avibras visa apenas reduzir custos às custas da demissão de trabalhadores, para posterior contratações com salários rebaixados.
Forte luta
Esta é a terceira greve deflagrada pelos trabalhadores da Avibras, desde o anúncio da demissão em massa. Os metalúrgicos estão fortemente mobilizados na luta para cancelar os cortes e garantir direitos, tendo realizado também passeatas, ida a Brasília e a cobrança de posicionamento dos governos.
Os metalúrgicos reivindicam que a empresa receba o Sindicato para negociar uma alternativa às demissões. A proposta da entidade é a abertura de layoff ou Programa de Demissão Voluntária (PDV), caso se confirme a crise financeira na Avibras. O pedido de recuperação judicial protocolado pela empresa ainda não foi deferido pela Justiça.
“A greve está confirmando o poder de mobilização e a solidariedade dos trabalhadores. Todos seguem com muita disposição de luta e assim continuará até que a reintegração seja cumprida e todos retornem para a fábrica”, afirma o presidente do Sindicato, Weller Gonçalves.
“Ao mesmo tempo seguimos defendendo que a Avibras precisa ser estatizada, pois é uma importante empresa do setor de defesa nacional, e não pode ficar à mercê de decisões sem qualquer responsabilidade social do setor privado. Só assim teremos uma empresa estratégica a serviço dos interesses do povo brasileiro e a proteção de empregos e direitos”, afirmou Weller.
Onda de greves por empregos, salários e direitos
Nas últimas semanas, uma onda de greves, paralisações e mobilizações é registrada no país, envolvendo várias categorias do funcionalismo público, nas esferas federal, estadual e municipal, como professores, servidores do INSS, do Banco Central, categorias do setor privado, como metalúrgicos, mineração, construção civil, rodoviários, etc.
É preciso cobrir toda mobilização de solidariedade e apoio, bem como defendemos a unificação das lutas para transformar a indignação dos trabalhadores numa força só para derrotar o governo de Bolsonaro e Mourão, demais governos e patrões e arrancar as reivindicações para garantir empregos, salários, direitos e medidas que de fato enfrentem a grave crise social no país,