Igo e Felipe: audiência decide caso de ativistas presos injustamente

Igo e Felipe: audiência decide caso de ativistas presos injustamente

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Presos injustamente em 2021 por 12 dias, os ativistas João Igo Santos e seu vizinho Felipe Patrício Lino Ferreira terão uma nova audiência na Justiça na quinta-feira (6). Diante da sessão que poderá definir o caso, a CSP-Conlutas exige a absolvição e a reparação pela violência racista cometida pelo estado de São Paulo.

O julgamento será on-line e está programado para ocorrer às 16h. João Igo dos Santos Silva tem 38 anos e é produtor audiovisual. Felipe Patrício Lino Ferreira, de 21, é estudante, lutador profissional e professor de artes marciais. Os dois atuam em comunidades na zona sul da capital paulista, onde moram.

Racismo estrutural

Igo e Felipe foram presos na noite de 2 de janeiro de 2021, após jantarem no Largo da Batata. Ao voltarem para casa de ônibus, foram surpreendidos pela Polícia Militar que os prendeu sob a acusação de roubo.

A justificativa apresentada pelos policiais é uma amostra do racismo estrutural que ainda faz vítimas no país. Negros, Igo e Felipe teriam as “características” e roupas parecidas de acordo com o depoimento das vítimas.

No entanto, o homem e a mulher que foram roubados não confirmaram que os amigos eram de fato os autores do crime. O homem não os reconheceu e a mulher apenas disse ter reconhecido a roupa que um deles vestia.

Também não foram encontrados os objetos roubados. Mesmo com a falta de provas, a promotora Vanessa Therezinha Sousa de Almeida, do Ministério Público de São Paulo, solicitou a prisão que foi acatada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo.

Ambos ficaram detidos por 12 dias no Centro de Detenção Provisória (CDP) do Belém, na Zona Leste. Após um Habeas Corpus concedido no Tribunal de Justiça de São Paulo, Igo e Felipe passaram a responder pelo processo em liberdade.

Imagens provam inocência

A advogada Irene Maestro, que atua na defesa de Igo e Felipe, juntamente com o irmão de Igo, Shami, colheu imagens de sistemas de segurança que mostram os amigos longe do local do crime no horário informado pelas vítimas.

Tampouco carregavam os pertences roubados (bolsa, celular, relógio, entre outros). As imagens serviram para garantir que os ativistas respondessem em liberdade.

Realidade cruel

Uma pesquisa realizada em 2021 pela Folha de São Paulo revelou que 71% dos reconhecimentos errados de pessoas encarceradas no Brasil incriminam negros e pobres. Além disso, 60% dos inocentes presos são negros.

Já em levantamento feito pelo Condege (Conselho Nacional das Defensoras e Defensores Públicos-Gerais) e também pela Defensoria Pública do Rio de Janeiro mostra que os negros são 83% dos presos injustamente por reconhecimento fotográfico.

"Nosso caso não é um caso isolado, é uma prática reiterada. Quando nossas vozes são ouvidas, não são só as nossas, mas sim a voz de toda uma população excluída e marginalizada, que sofre na pele e na consciência as marcas dessas injustiças praticadas pelo Estado", diz Felipe, em nota do movimento Luta Popular.

O discurso e o drama são os mesmos para Igo, que ainda enquanto estava preso afirmou: “Infelizmente, nunca foi fácil pra gente, porque a gente carrega isso desde criança, a gente sabe como o sistema funciona. Mas a gente é parte da caminhada do povo, a gente tem uma responsabilidade"

Toda solidariedade

A CSP-Conlutas e o Luta Popular reiteram que neste momento importante do processo é fundamental que sindicatos, entidades de classe e diversos movimentos sociais demonstrem solidariedade, exijam a absolvição e defendam a reparação a Igo e Felipe.

Contra o genocídio e o encarceramento em massa da juventude negra brasileira é preciso que somemos força e denunciemos esse constante estado de perseguição policial baseada na classe e na cor da pele. Basta!
 

Saiba mais sobre o caso:

 

Rua Senador Feijó, 191. Praça da Sé - São Paulo/SP - CEP 01006000

Telefone: (11) 3106-8206 e 3241-5528. E-mail:  secretaria@cspconlutas.org.br

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