Entrevista: Silvia Letícia aborda greve de trabalhadores da Educação em Belém

Entrevista: Silvia Letícia aborda greve de trabalhadores da Educação em Belém

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Merendeiras, porteiros, administrativos e servidores de serviços gerais nas escolas. Esses são trabalhadoras e trabalhadores da Educação de Belém (PA), que fizeram 54 dias de greve pela primeira vez na história da categoria.

Com conquistas parciais e diante do brutal ataque do prefeito Edmilson Rodrigues (Psol), que cortou os salários dos servidores em greve, uma assembleia geral, em 31 de maio, definiu pela suspensão do movimento, com a condição da devolução dos salários aos trabalhadores e trabalhadoras.

Entre outras conquistas, obtiveram a reposição em junho de 4,82% referentes a 2021 e de mais 4,52% a partir de agosto referentes a 2022; em agosto haverá a apresentação de um plano de equiparação ao salário mínimo até o final do mandato do prefeito e farão chamadas dos aprovados em concursos públicos, além da realização de novos concursos por secretarias, mas ainda sem cronograma.   

Coordenadora do Sintepp-Belém (Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Educação Pública do Estado do Pará), Silvia Letícia da Luz, da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas, esteve na direção do movimento que enfrentou represálias e difamações na mídia e explica a situação da categoria e as lições da luta.

Pela primeira vez em sua história, as trabalhadoras e trabalhadores de Belém fizeram uma greve e pararam por 54 dias. O que motivou essa luta?

Foi a primeira greve do segmento mais precarizado da educação: merendeiras, porteiros, administrativos, de serviços gerais.

Os baixos salários motivaram a greve, porque recebem um vencimento abaixo do salário mínimo nacional, no valor de R$ 869,26 e 370 reais no vale alimentação. É uma categoria muito endividada.

O atual prefeito [Edmilson Rodrigues (Psol)] prometeu em campanha equiparar esse vencimento ao mínimo nacional, garantir o plano de carreira unificado da educação, mas ao assumir o cargo negou a equiparação.

Como esses trabalhadores fazem para sobreviver frente a um salário tão baixo?

Eles são obrigados a buscar outras alternativas de renda como vendas de produtos de beleza, de açaí, alimentos, fazem diárias de limpeza, e muito bico no final de semana para complementar a renda. Sofrem muito assédio no local de trabalho, porque são tratados como serviçais.

A que você atribui o fato do pagamento de tão baixo de salários, é possível afirmar que não há verbas para a prefeitura pagar o salário mínimo para funcionários municipais? 

A política de governos anteriores foi de desvalorização desse setor de trabalhadores, por entenderem que os servidores são privilegiados pelo simples fato de terem salários.

Os números da prefeitura mostram que há possibilidade orçamentária de reajuste, a arrecadação do município cresceu, há condições de realinhar se tiver essa política como prioridade. É possível incorporar os abonos e dá ganho real à categoria.

O que significou para a direção do movimento e categoria lidar com a intransigência e as retaliações ao movimento promovidos pelo prefeito Edmilson Rodrigues, do Psol, que foi eleito com importante apoio dos trabalhadores do serviço público?

O Sintepp Belém manteve sua autonomia e independência frente ao governo que ajudou a eleger. Apostamos que o governo iria cumprir promessas de campanha assinadas com nossa entidade. Nós, exigimos isso.

A categoria lutou muito contra a intransigência e perseguições do governo. O sentimento de traição por ver o seu governo atacar o direito de greve, substituir grevistas por temporários mantendo os serviços nas escolas, descontar os dias parados e usar posição privilegiada na mídia para atacar os trabalhadores com acusações do tipo bolsonaristas, fascistas, não foi fácil.

Qual lição ficou dessa greve?

Uma lição importante que ficou dessa greve é que nenhum governo na sociedade capitalista poderá melhorar a vida do povo, mesmo que seja referenciado à esquerda, que é preciso organizar a luta independente, fortalecer as organizações sindicais pela base e manter trabalhadores em mobilização. Também fica a lição de que os sindicatos precisam pressionar os governos, lutar com ousadia, coerência, pautando as necessidades imediatas e as estratégias da luta de classes que é questionar o capitalismo e seus governos.

Ficou a lição de que unidos nós, trabalhadores e trabalhadoras, podemos conquistar.

 

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