3º Congresso da CSP-Conlutas pelo olhar dos trabalhadores e trabalhadoras presentes
Trabalhadores (as) operários, servidores públicos, movimentos populares do campo e da cidade e de luta contra as opressões expuseram suas impressões e expectativas para esse 3° Congresso. Dividiram também um pouco da realidade em suas bases e territórios e de como podem contribuir e trocar experiência com outros lutadores. Confira:
André Jesus da Silva
Pedreiro desempregado
Movimento S.O.S Emprego de Sergipe
“Minha expectativa para esse Congresso é de que eu saia daqui com mais bagagem, espero abrir minha mente com o conhecimento que estou absorvendo aqui para levar isso para o meu Estado. O movimento que participo é por vaga de emprego, mas também para melhorar a vida de todas as pessoas, lutamos por escola, saúde e direitos básicos. É o primeiro Congresso em que participo. Estou aqui representando um movimento com cerca de 250 pessoas e que seguiu o exemplo dos companheiros do Rio de Janeiro.”
Alexandro Lopes dos Santos
Trabalhador desempregado do Comperj
Movimento S.O.S Emprego RJ
“Para nós é importante participar desse Congresso por que no Rio de Janeiro nós ajudamos muito na construção dessa potência que está se tornando a Central Sindical e Popular. É o segundo Congresso que eu participo e a minha expectativa é de que sejam tiradas daqui resoluções que façam com que atinjamos nosso objetivo que é a unificação da classe.”
Pedro Augusto
Oposição ao Sindipetro Unificado de SP
“Eu trabalho desde 2011 como técnico de operação na Refinaria de Capuava (SP). Os petroleiros sofrem uma grande ofensiva por parte do governo e empresa, como a privatização, demissão, terceirização. As outras categorias que estão aqui presentes também passam pelos mesmos ataques. São os trabalhadores dos Correios, Eletrobras e diversos outros. Apesar disso, temos resistido e lutado. Acredito que a mensagem que esse Congresso pode passar é a necessidade de unificar a todos. O Congresso é um espaço em que lutadores que se mantêm independentes podem se organizar em torno da unidade, existem muitas categorias passando pela mesma situação.”
Elizabete Bernardo de Oliveira
Sinte – São José (Florianópolis-SC)
Professora da Rede Estadual
“Nosso estado está sofrendo pela falta de investimento e não compromisso com a Educação e com os professores. No Congresso, tenho percebido muitas pessoas falando o que falamos no meu Estado e é o que o mundo está discutindo, que é a retirada de nossos direitos. Até aqui, o que eu mais gostei nessa atividade foi a presença de trabalhadores de outros países e que trocaram conosco experiências. Para mim, o que mais tem marcado nesses dias de participação é a diversidade de pessoas, culturas, como movimentos quilombolas, operários, indígenas.”
Edson Batista da Luz
Base dos Correios do Rio de Janeiro
“Nós somos de oposição de esquerda, queremos um terceiro campo que nos diferencie do Lula e do petismo. Queremos acabar com a burocratização das direções sindicais. Tem uma disposição de luta dos trabalhadores dos Correios e a recente greve da nossa categoria mostrou isso.”
José Ribamar Silva
Moquibom (MA)
“Nós lutamos por terra, direitos e contra o preconceito e a violência. Sem a terra não temos como criar nossos filhos. Eu moro no Quilombo Tanque da Rodagem, em Matões (MA). Estamos no processo de demarcação de nossas terras. O governo enrola a gente e estamos há cinco anos nessa luta. São 200 famílias que vivem comigo. A nossa situação não é das melhores e o governo não atende nossas demandas. A única coisa que temos é a Certidão Cultural da Fundação Palmares que reconhece a área como Quilombo, que chamamos de Certidão de Nascimento. Moramos em uma casa de taipa, chão batido e teto de palha. Não temos água potável, temos que comprar. Plantamos para comer e trocamos mercadorias quando sobra alimento. Percebi nos primeiros debates travados aqui que somos fortes, basta a gente se unir. E que a luta por terra é defendida por muitos.”
Osmarino Amâncio
Seringueiro de Xapuri (AC), Reserva Chico Mendes
“A contribuição que eu como seringueiro trago ao Congresso é de alguém que lutou na época da ditadura, junto com Chico Mendes, por terra e em defesa da floresta. Trago a esperança de que a Reforma Agrária é possível, mas com mobilização e enfrentamento. No Acre perdemos militantes importantes nesse embate, como o próprio Chico Mendes, mas conseguimos garantir um pedaço de chão e preservar a floresta dento da reserva. É possível socializar a terra, mas para isso é preciso um movimento forte, organizado e que vá para o enfrentamento.”